“... é para um Cristo vivo nos céus que os crentes são reunidos pelo Espírito Santo. Estamos unidos a um Chefe vivo — fomos levados a uma "pedra viva" (1 Pe 2:4). O Senhor é o nosso centro. Havendo achado paz pelo Seu sangue, nós reconhecemos que Ele é o nosso grande centro de reunião e o laço que nos une. "Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" (Mt 18:20). O Espírito Santo é o único que promove a reunião; Cristo é o único objetivo em volta do qual nos reunimos; e a nossa assembleia, assim convocada, deve ser caracterizada pela santidade, de maneira que o Senhor nosso Deus possa habitar entre nós. O Espírito Santo só nos pode reunir para Cristo; não nos pode reunir em torno de um sistema, um nome, uma doutrina ou uma ordenação. Ele reúne para uma Pessoa, e essa Pessoa é Cristo glorificado no céu.”– Mackintosh

O corpo de Adão não era espiritual, mas animal

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009


Costuma-se perguntar se no homem foi formado primeiramente um corpo animal, igual ao que temos, ou espiritual como teremos na ressurreição. Embora aquele se mudará neste, pois semeia-se corpo animal e surgirá um corpo espiritual, pergunta-se qual foi o primeiro que se fez, por se foi o animal, não receberemos o que nele perdemos, mas um outro tanto melhor quanto o espiritual se avantaja ao animal, quando seremos iguais aos anjos de Deus.(Cf. Mt 22,30). (...) Assim está escrito: o primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente: o último Adão, espírito que dá vida. Primeiro foi feito o que não é espiritual, mas o que é animal; o que é espiritual, vem depois. O primeiro homem é tirado da terra, é terrestre. O segundo homem vem do céu, é celeste. Qual foi o homem terrestre, tais são também os terrestres. Qual foi o homem celeste, tais serão os celestes. E, assim como vestimos a imagem do homem terrestre, assim vestiremos a imagem do homem celeste. (Cf. 1Cor 15, 44-49). O que se pode dizer a respeito? Levamos agora pela fé a imagem do homem celeste para possuir na ressurreição o que acreditamos; mas vestimos a imagem do homem terreno desde o começo da geração humana.

Dificuldade contra a opinião anterior

(...) Mas, como perdeu a imortalidade, se tinha um corpo animal?

(...) Como seria não mortal, se tinha um corpo animal?

Na renovação, como recuperaremos o que Adão perdeu

“Como podemos dizer que nos renovamos”, perguntam alguns, “se não recebemos o que perdeu o primeiro homem, no qual todos morrem?”. Recebemos certamente de um certo modo, e não recebemos de outro. De fato não recebemos a imortalidade do corpo espiritual, que o homem ainda não teve; mas recebemos a justiça, da qual o homem caiu pelo pecado. Portanto, renovar-nos-emos da velhice do pecado, não para o primitivo corpo animal que Adão teve, mas para melhor, ou seja um corpo espiritual, quando formos igual aos anjos de Deus. Renovar-nos-emos, pois pela transformação espiritual de nossa mente (Cf. Ef 4, 23) conforme a imagem daquele que nos criou, que Adão perdeu pecando. Renovar-nos-emos também quanto à carne, quando este corpo espiritual, no qual Adão, ainda não transformado, transformar-se-ia, se não tivesse merecido a morte também do corpo animal. Finalmente o Apóstolo não diz: o corpo certamente é mortal devido ao pecado, mas: O corpo está morto pelo pecado. (Cf. Rm 8,10)

Adão: mortal no corpo, porém imortal pela graça de Deus

Podia dizer-se antes daquele primeiro pecado que era mortal segundo uma causa e imortal segundo outra, a saber mortal porque podia morrer, imortal porque podia não morrer. Uma coisa é não poder morrer, como algumas naturezas criadas imortais por Deus. Outra coisa é poder não morrer, deste modo o primeiro homem foi criado imortal. Isso lhe era dado pela árvore da vida e não pela constituição da natureza. Dessa árvore foi separado quando pecou e assim pôde morrer. Se não tivesse pecado poderia não morrer. Era, portanto, mortal pela condição do corpo animal e imortal por benefício do Criador. Se o corpo era animal, era certamente mortal por podia morrer, embora fosse também imortal porque também podia não morrer. Mas não era imortal porque não podia morrer de modo algum, senão seria espiritual, o que nos é prometido como futuro na ressurreição. (...) Pelo pecado não se tornou mortal, pois já o era antes, mas morto, o que poderia ter acontecido se o homem não pecasse.

O corpo de Adão e os nossos são diferentes

(...) Pois este corpo é animal, como foi o do primeiro homem; mas este, na mesma espécie de animal, é muito pior, visto que lhe é necessário morrer, o que para aquele não era. Embora ainda lhe restasse ser transformado e, feito espiritual, receber a plena imortalidade, na qual não necessitaria de alimento corruptível, entretanto, se o homem vivesse na justiça e se seu corpo se transformasse para natureza espiritual, não cairia na morte. Devido a essa necessidade proveniente do pecado do primeiro homem, o Apóstolo classifica nosso corpo não como mortal, mas como morto, porque todos morremos em Adão (Cf. Rm 5,12). E diz também: Como é a verdade em Jesus, despojai-vos do vosso modo de vida anterior do homem velho, que se corrompe ao sabor das concupiscências enganosas (Cf. Ef 4 21,22); isto é, nisso se tornou Adão pelo pecado. Observa o que vem em seguida: Renovai-vos no espírito da vossa mente, e revesti-vos do Homem Novo, criado segundo Deus, na justiça e santidade da verdade(Cf. Cl 3, 9-10); eis o que Adão perdeu pelo pecado.

(...) Adão perdeu aquela primeira túnica ou a própria justiça da qual ele caiu; perdeu a vestidura da imortalidade corporal...


Santo Agostinho – Comentário ao Gênesis, ed. Paulus.


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“Todo-Poderoso , aquele que era , que é, e que há de vir.”
“Ora, vem, Senhor Jesus!”

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