“... é para um Cristo vivo nos céus que os crentes são reunidos pelo Espírito Santo. Estamos unidos a um Chefe vivo — fomos levados a uma "pedra viva" (1 Pe 2:4). O Senhor é o nosso centro. Havendo achado paz pelo Seu sangue, nós reconhecemos que Ele é o nosso grande centro de reunião e o laço que nos une. "Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" (Mt 18:20). O Espírito Santo é o único que promove a reunião; Cristo é o único objetivo em volta do qual nos reunimos; e a nossa assembleia, assim convocada, deve ser caracterizada pela santidade, de maneira que o Senhor nosso Deus possa habitar entre nós. O Espírito Santo só nos pode reunir para Cristo; não nos pode reunir em torno de um sistema, um nome, uma doutrina ou uma ordenação. Ele reúne para uma Pessoa, e essa Pessoa é Cristo glorificado no céu.”– Mackintosh

Crise de Integridade

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009


Estamos vivendo um momento crucial da nossa vida cristã como Igreja. Em muitas rodas, as pessoas estão questionando se não estamos de fato passando por um momento de perseguição. Alguns têm atribuído à imprensa a culpa por muitos escândalos que envolvem os evangélicos; A maneira como estas denúncias ocorrem parecem ser um ato de perseguição à Igreja do SENHOR JESUS no Brasil.

Estamos assistindo através da imprensa, nossos irmãos passarem por todo tipo de constrangimento, humilhação e vergonha. É claro que isso de certo modo nos atinge, porque são os nossos irmãos. Independente de quais denominações eles pertençam, eles são nossos irmãos. Portanto, não cabe a mim, e nem mesmo a ninguém, o poder de condená-los.

O meu papel aqui é fazer uma exposição bíblica desta situação, mostrando-lhes com zelo e temor, o que realmente está ocorrendo em nossa realidade contextual. Não cumpro o papel de juiz, mas também, não posso permitir que haja uma distorção da realidade que envolve esta situação. O que realmente está ocorrendo demonstra que de um modo, ou de outro, todos nós estamos envolvidos. Nunca tivemos diante de tantos escândalos nos envolvendo, por sermos evangélicos, como agora. As coisas estão se desencadeando numa proporção assustadora. Vejamos alguns fatos:

Foi publicado no Jornal O Globo no dia 03/11/2006, a notícia de que Ted Haggard, presidente da Associação Nacional de Evangélicos dos EUA, que tem cerca de 30 milhões de fiéis, estava envolvido com garotos de programa no Colorado. Isto provocou naquele país um terrível escândalo. Dos quatro cantos dos EUA, os cristãos foram chocados com esta notícia.

O relatório da CPI dos “Sanguessugas” foi aprovado na Câmara dos Deputados em Brasília. A Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou a chamada “máfia dos sanguessugas” – esquema para aprovação de emendas orçamentárias e resultados de licitações na compra de ambulâncias para várias prefeituras – concluiu que 23 parlamentares envolvidos na fraude, eram ligados às denominações evangélicas, e eles, receberam 58% do valor total pago pela empresa Planam, da família Vendoin, em propinas a políticos. Eles teriam ficado com mais de R$ 5 milhões dos quase R$ 9 milhões pagos em suborno.

Por último, quero mencionar os líderes da Renascer, Estevam Hernandes e sua esposa, Sônia Addad, os quais são acusados pelo Ministério Público de São Paulo de cometer os crimes de lavagem de dinheiro, estelionato e falsidade ideológica. Essas acusações já renderam um pedido de prisão preventiva, o bloqueio de bens e a quebra do sigilo bancário; fora o constrangimento, a humilhação e a exposição pública.

Há algo que precisa ficar claro, escândalos ocorrem em todo o canto e com qualquer pessoa que não possua caráter. Mas, infelizmente, em relação aos evangélicos, que hoje é um termo genérico, a questão é bem simples, porque as pessoas gostam de universalizar a situação.

Considerando todos esses fatos, vejo claramente que não está havendo nenhuma perseguição a Igreja do SENHOR JESUS. O que de fato ocorre, é que, muitos dos nossos irmãos, faltam com a conduta cristã. Embora, sei que a questão é mais séria, e por isto, pretendo, através da Palavra de DEUS, fazer uma breve exposição daquilo que considero ser importante para todos nós.

Primeiro, quero analisar o termo “evangélico”. Este é um adjetivo que está relacionado a uma pessoa que vive em conformidade com os princípios do Evangelho. Mas, infelizmente, este termo tem sido deturpado, e por isto, hoje, vemos uma generalização daquilo que realmente é ser evangélico. A nossa situação cristã contemporânea pode ser explicada da seguinte maneira, e para isso, quero ler um texto que está em 2 Crônicas, capítulo 12, versículos 9 a 11, que diz: “Subiu, pois, Sisaque, rei do Egito, contra Jerusalém e tomou os tesouros da Casa do SENHOR e os tesouros da casa do rei; tomou tudo. Também levou todos os escudos de ouro que Salomão tinha feito. Em lugar destes fez o rei Roboão escudos de bronze e os entregou nas mãos dos capitães da guarda, que guardavam a porta da casa do rei".

Toda vez que o rei entrava na Casa do SENHOR, os da guarda vinham, e usavam os escudos, e tornavam a trazê-los para a câmara da guarda”. Veja que situação de opróbrio estes textos nos revelam. Sisaque, rei do Egito veio e invadiu Jerusalém, e tomou todos os tesouros da casa de DEUS, os tesouros da casa do rei, e os escudos de ouro. Ao invés de mandar fazer outros escudos de ouro, Roboão preferiu fazer escudos de bronze. Esta foi uma troca de valores que Roboão preferiu fazer. Esta situação, aparentemente simples, é uma ilustração clara da nossa realidade. Os valores espirituais precisam ser restaurados na realidade da vida da Igreja. Os valores estão trocados, e nós não estamos nos dando conta da seriedade do momento em que vivemos. O Evangelho se tornou algo banal para muitos dos nossos irmãos. Precisamos, urgentemente, que o SENHOR se revele mais profundamente em nosso espírito, para que procuremos andar em conformidade com Seu Evangelho.

No livro de Juízes há duas passagens idênticas, que revelam para nós uma situação semelhante:

- Jz 17.6: “Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada qual fazia o que achava mais reto”.

- Jz 21.25: “Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto”.

É interessante como o ESPÍRITO SANTO cuidou de repetir estes textos com as mesmas palavras nesse livro. Não é uma vã repetição, e sim, porque Ele quer chamar nossa atenção. Hoje vivemos uma crise de integridade, na qual o inimigo veio e roubou dentre nós os valores espirituais e nós procuramos substituí-los por práticas em nada condizentes com o caráter do Evangelho de CRISTO. Temos perdido a excelência daquilo que vemos na Palavra de DEUS sobre o que é a Igreja do SENHOR JESUS. Para muitos, o termo “Igreja” se refere a um prédio onde as pessoas se reúnem para um culto ou coisas semelhantes. Do mesmo modo, não temos uma expressão clara do que é realmente ser “cristão”. Algumas pessoas acham que um “cristão” é um seguidor de uma denominação evangélica. Embora, para algumas pessoas seja isto, penso que precisamos refletir melhor sobre o termo. Essa é uma palavra mais profunda do que parece. Veja que, quando falamos da “Igreja” do SENHOR JESUS, estamos falando não de uma organização, mas de um organismo vivo, constituído de pessoas. A “Igreja” é o Corpo de CRISTO. Quanto ao termo “cristão”, este termo se refere àqueles seguidores de CRISTO. Foi em Atos dos Apóstolos, capítulo 11, versículo 26, que os discípulos pela primeira vez foram chamados “cristãos”. Esse termo “cristão” e “Igreja” estão intimamente ligados. Hoje temos milhares de denominações em nosso país, e todas elas reivindicam ser a Igreja do SENHOR JESUS. Na verdade, a Igreja não são essas denominações e nem mesmos seus prédios suntuosos. A Igreja é constituída de pessoas, destes cristãos que foram salvos por CRISTO JESUS, mesmo que muitos estejam dentro dessas denominações. Além disso, não basta dizer esta verdade, precisamos corresponder a ela. A “Igreja” tem a ver com a nossa vida comunitária, enquanto que ser “cristão” está relacionado à conformação da vida de CRISTO em cada um de nós, individualmente. Nosso testemunho particular está ligado a esta palavra “cristão”; nosso testemunho coletivo está relacionado à “Igreja”.

Creio que estas duas pequenas palavras, cujo conteúdo expressa uma grandeza extraordinária, revelam para nós a decadência da nossa situação cristã, pois muitos não têm vivido de acordo com o caráter do Evangelho de CRISTO, e muito menos, vivem uma vida na expressão de CRISTO. Aqui temos duas palavras que nos perscrutam. Precisamos recuperar o verdadeiro sentido daquilo que é ser “Igreja”, e do sentido prático da nossa vida cristã. Estes termos têm perdido a essência do conteúdo em nossos dias.

Não estamos vivendo nenhuma crise caracterizada pela perseguição aos cristãos. A única crise que vemos, é a crise da integridade. Os valores espirituais precisam ser restaurados na comunhão do Corpo de CRISTO, que é a Sua Igreja.

A perseguição que a Bíblia reputa por honrosa é aquela que sofremos por crer na pessoa do SENHOR JESUS, e viver em conformidade com a Sua Palavra. Seremos perseguidos sim, desde que proclamemos o Evangelho de CRISTO com autoridade, poder e justiça. Pedro escreve em Sua Primeira epístola: “mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a DEUS com esse nome” – (4.16). Olhe atentamente para este texto. Por sermos cristãos, iremos sofrer, iremos passar por tribulações, porque este nome está intimamente ligado à vida de CRISTO em nós. Ser “cristão” é uma expressão de glória a DEUS. Nossa vida deve ser uma expressão de glória a DEUS.

Em Lucas, capítulo 21, versículo 12, diz: “Antes, porém, de todas estas coisas, lançarão mão de vós e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome”. Veja que a perseguição sempre está relacionada com a “Palavra” e com o “Nome do SENHOR”, e nunca com a nossa falta de conduta.

Dentro do contexto em que estamos vivendo, não podemos esconder a discriminação que sofremos por parte da imprensa. Alguém já sugeriu que podíamos ter uma CNBB, dos cristãos. Ora, para que servirá isso?A Palavra de DEUS diz no texto de Lucas 21.12: ”Antes, porém, de todas estas coisas, lançarão mão de vós e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome”. A perseguição será natural. Não precisamos de defesa de ninguém. Temos que ter alegria de saber que por causa de CRISTO em nós, esse mundo nos odiará cada dia mais e mais.

Os evangélicos afirmam crer nos valores bíblicos e no poder de DEUS de transformar vidas. Contudo, pesquisas demonstram que muitos não vivem de modo diferente do resto do mundo. De dinheiro a sexo, de racismo à realização pessoal, um escandaloso número de cristãos não vivem o que pregam. Os Escândalos do comportamento evangélico em nossos dias revelam a profundidade da decadência cristã, e como muitos vivem um estilo de vida que contrasta com o ensino bíblico; com aquilo que foi ensinado, tanto por nosso SENHOR JESUS, como pelos apóstolos. Eu sei que toda essa situação provoca em nós uma dor que fica estampada em nosso rosto, mas essa dor, leva-nos a refletir sobre o caráter da Igreja, sua vocação e seu testemunho.

Somos desafiados a levar a sério o Evangelho de CRISTO JESUS. Não podemos nos posicionar como vítimas de uma perseguição que não existe. O que de fato existe são crimes praticados por pessoas que não possuem escrúpulos, e não demonstram arrependimento.Passam-se de vítimas, a ponto de se compararem com os mártires dos tempos apostólicos. Isso é uma falácia! Os apóstolos nunca foram perseguidos por desvio de conduta. Nunca se comprometeram com a ilegalidade. Como diz Paulo a Timóteo: “É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar” – (1 Tm 3.2).

Veja a análise das palavras chaves deste texto:

“irrepreensível” – No grego é anepileptos; significa: “que não pode ser repreendido”, ” não censurável”.

“temperante” – No grego é nephalios; Significa: “sóbrio”, “controlado”.

“sóbrio” – No grego é sophron; significa: “de mente sã”, “equilibrado”, “que freia os próprios desejos e impulsos”, “auto-controlado”, “moderado”.

“Modesto” – No grego é kosmios; significa: “conveniente”, “descente”.

Quando você atenta para todas estas características visíveis nos homens de DEUS, isto é, naqueles que possuem o encargo do sagrado ministério, ao que nos parece, este não é o perfil que a liderança moderna tem adotado como princípio de conduta espiritual. O estereótipo da liderança moderna se contrasta com as recomendações divina dadas a Timóteo: “Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja. É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento; e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?); não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo. Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo” – (1 Tm 3.1-7). Se errarmos não é por falta de admoestação, e sim, porque decidimos escolher um caminho onde iremos viver uma vida sem nenhum respaldo da Palavra de DEUS. Estas palavras bíblicas precisam ser nosso lema, a todo tempo. Que DEUS nos ajude.

Luiz Fontes

Fonte: Site Celebrando Deus

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