“... é para um Cristo vivo nos céus que os crentes são reunidos pelo Espírito Santo. Estamos unidos a um Chefe vivo — fomos levados a uma "pedra viva" (1 Pe 2:4). O Senhor é o nosso centro. Havendo achado paz pelo Seu sangue, nós reconhecemos que Ele é o nosso grande centro de reunião e o laço que nos une. "Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" (Mt 18:20). O Espírito Santo é o único que promove a reunião; Cristo é o único objetivo em volta do qual nos reunimos; e a nossa assembleia, assim convocada, deve ser caracterizada pela santidade, de maneira que o Senhor nosso Deus possa habitar entre nós. O Espírito Santo só nos pode reunir para Cristo; não nos pode reunir em torno de um sistema, um nome, uma doutrina ou uma ordenação. Ele reúne para uma Pessoa, e essa Pessoa é Cristo glorificado no céu.”– Mackintosh

A Natureza Humana em Seu Quádruplo Estado

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009


Pensamentos sobre a Visão de Agostinho da Vontade

Em seu famoso livro, A Natureza Humana em Seu Quádruplo Estado, o Puritano Escocês, Thomas Boston (1676-1732) nos informa que os quatro estados da natureza humana são: (a) Integridade Primitiva; (b) Completa Depravação; (c) Recuperação Iniciada; e Felicidade ou Miséria Consumada.

Estes quatro estados, que são derivados das Escrituras, correspondem aos quatro estados do homem em relação ao pecado enumerados por Agostinho de Hipona: (a) capacidade para pecar, capacidade para não pecar (posse peccare, posse non peccare); (b) incapacidade para não pecar (non posse non peccare); (c) capacidade para não pecar (posse non peccare); e (d) incapacidade para pecar (non posse peccare). O primeiro estado corresponde ao estado do homem na inocência, antes da Queda; o segundo estado do homem natural após a Queda; o terceiro estado do homem regenerado; e o quarto do homem glorificado.

Deve ser notado que em todos os quatro estados, o homem é livre para escolher o que fazer ou não de acordo com sua vontade. Sua vontade é livre porque ela não é forçada ou compelida por algo exterior. Todavia, sua vontade é determinada por suas próprias inclinações morais. Isto significa que enquanto o homem glorificado sempre escolherá fazer o bem porque a inclinação do seu coração será sempre a de glorificar a Deus; o homem natural caído sempre fará o que é mal (aos olhos de Deus), porque seus motivos nunca são puros, e jamais glorificam a Deus.

Antes da Queda, o homem era capaz de escolher fazer tanto o bem como o mal, seu coração, e assim sua inclinação e disposição, sendo inocente e não corrompido pelo pecado. Mas o estado de Adão era mutável e quando Satanás tentou Eva, e então através de Eva, o tentou, ele escolheu pecar contra Deus comendo o fruto proibido e assim caindo do estado de inocência.

- Citado de Pilgrim Covenant Church

Homem Pré-Queda - capaz de pecar/ capaz de não pecar
Homem Pós-Queda - capaz de pecar/ incapaz de não pecar
Homem Renascido - capaz de pecar/ capaz de não pecar
Homem Glorificado - capaz de não pecar/ incapaz DE PECAR


Eis aqui algo que o próprio Agostinho disse sobre isto:

A capacidade original do homem incluía tanto o poder para não pecar como o poder para pecar ( posse non peccare et posse peccare ). No pecado original de Adão, o homem perdeu o posse non peccare (o pode para não pecar) e reteve o posse peccare (o poder para pecar) - o qual ele continua a exercer. Na concretização da graça, o homem terá o posse peccare retirado e receberá o mais alto de todos, o poder para não ser capaz de pecar, non posse peccare. Cf. On Correction and Grace XXXIII.

AGOSTINHO, ENCHIRIDION, CAPÍTULO 118.-- OS QUATRO ESTÁGIOS DA VIDA CRISTÃ, E OS QUATRO ESTÁGIOS CORRESPONDENTES DA HISTÓRIA DA IGREJA.

Quando, afundado nas escuras profundezas da ignorância, o homem vive de acordo com a carne despreocupado de qualquer luta da razão ou consciência, este é seu primeiro estado. Mais tarde, quando através da lei veio o conhecimento do pecado, e o Espírito de Deus ainda não interpôs Seu auxílio, o homem, aspirando viver de acordo com a lei, é frustrado em seus esforços e cai em pecado consciente, e assim, sendo sujeitado pelo pecado, torna-se seu escravo ("porque daquele por quem o homem é sujeitado, do mesmo ele é trazido em cativeiro" (4)); e dessa forma o efeito produzido pelo conhecimento dos mandamentos é este, que o pecado opera no homem toda maneira de concupiscência, e ele é envolvido na culpa adicional de transgressão deliberada, e isso cumpre o que está escrito: "A lei entrou para que a Ofensa pudesse abundar". (5) Este é o segundo estado do homem. Mas se Deus tem cuidado para com ele, e lhe inspira com fé na ajuda de Deus, e o Espírito de Deus começa a operar nele, então o eficaz poder do amor esforça-se contra o poder da carne; e embora ainda haja na própria natureza do homem um poder que luta contra ele (porque sua enfermidade não é completamente curada), todavia ele vive a vida do justo pela fé, e vive na justiça no que diz respeito à não se render à perversa luxúria, mas conquista-a pelo amor da santidade. Este é o terceiro estado de homem de boa esperança; e aquele que pela constante piedade avança neste curso, alcançará no final a paz, aquela paz que, depois que toda esta vida tiver acabado, será aperfeiçoada no repouso do espírito, e finalmente na ressurreição do corpo. Destes quatro estágios o primeiro é antes da lei, o segundo é sob a lei, o terceiro é sob a graça, e o quarto é em completa e perfeita paz. Assim, também, a história do povo de Deus tem sido ordenada de acordo com Seu agrado de dispor todas as coisas em número, e medida, e peso. (6). Porque a igreja existiu primeiro antes da lei, então sob a lei, que foi dado por Moisés; então sob a graça, que foi primeiramente manifesta na vinda do Mediador. Não, deveras, que esta graça estivesse ausente anteriormente, mas, em harmonia com os arranjos do tempo, ela estava velada e oculta. Porque ninguém, até mesmo os justos homens do passado, poderia encontrar salvação aparte da fé de Cristo; a menos que Ele tivesse feito conhecido a eles poderia seus ministérios ter sido usados para conduzir profecias concernentes a Ele para nós, algumas mais claras, e algumas mais obscuras.

Disto [capítulo 118 do ENCHIRIDION] nós concluímos, novamente com Agostinho, que:

- os filhos de Deus são movidos por Seu Espírito para fazer tudo o que é para ser feito.
- eles são trazidos por Ele, de um estado involuntário para serem feitos dispostos.
- desde a queda é devido somente a graça de Deus que o homem aproxima-se dEle.
- é devido somente esta mesma graça que Deus não retrocede ou retira-Se dele.
- nós sabemos que nenhuma coisa boa que é nossa pode ser achada em nossa vontade.
- pela magnitude do primeiro pecado, perdemos a liberdade da vontade para crermos em Deus e vivermos vidas santas.
- portanto "não depende de quem quer, nem de quem corre" - não porque não devamos querer ou correr, mas porque é Deus que efetua tanto o querer como o efetuar.

Ernest Reisinger

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